Dívidas e convites para gastar
Nunca você deve recorrer ao crédito rotativo dos cartões. Ou acabará tosquiado como uma ovelha incauta.
ESTAMOS ENDIVIDADOS e mal pagos. As famílias brasileiras devem 34% de sua renda. E vão dever ainda mais. Por quê?Bem, para combater a crise, o governo optou por duas frentes: a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis e da linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) e o aumento do crédito.Nada de errado nisso, não fosse o incremento do desemprego e o achatamento dos salários, normais em períodos de recessão aguda, como aquela que o mundo enfrenta desde outubro de 2008.De um lado, você é estimulado a comprar, comprar, comprar, para que indústrias e comércio mantenham seus níveis de atividade. Ou para que a redução seja a menor possível. De outro, você é obrigado a agradecer a todos os santos por ainda ter emprego, mesmo que o salário seja achatado, atrase etc.Trata-se de uma combinação que tem tudo para endividar os consumidores de um país. Ainda mais se os juros forem estratosféricos, embora tenham sido reduzidos com parcimônia.Lembre, caro leitor, cara leitora, que talvez a metade da economia brasileira seja informal. Nela, não há maquiagem que resolva. Se a atividade diminui, você ganha menos, ou quase nada.Do catador de papel ao profissional liberal, todos perdem nessa situação. Uns deixam de comer, outros de comprar roupas, alimentos mais caros, ou de viajar.É difícil deixar de comprar. O filho espera um presente de aniversário, e as datas do consumo se sucedem: dia das Mães, dos Namorados, dos Pais, das Crianças etc.A mãe faz aniversário, e o filho quer viajar nas férias. O inverno está mais frio do que nos últimos anos, e aquelas roupas de lã no armário pedem aposentadoria.O carro precisa de uma revisão mecânica, e as paredes do apartamento não recebem uma boa pintura há vários anos.Então, não há saída, meu amigo: vamos passar a planejar os gastos com muito cuidado, para não engrossar as listas de devedores.Para começar, é bom definir direitinho a lista do supermercado, antes de comprar. Outras medidas interessantes são postergar algumas reformas domésticas que não sejam urgentes, recuperar algumas roupas e comprar presentes mais baratos.É preciso assumir que já não temos o mesmo poder aquisitivo de antes, e explicar isso para os nossos filhos, os familiares e os amigos.Uma boa tática é somar todos os compromissos de pagamentos, e só considerar disponíveis os reais que sobrarem depois dessa conta. O certo é juntar dinheiro para pagar tudo à vista, em lugar de parcelar pagamentos em incontáveis prestações, ou em cartões de crédito.E nunca, mas nunca, mesmo, você deve recorrer ao crédito rotativo dos cartões. Aí sim, será o fim. Você acabará tosquiado como uma ovelha incauta. Bom senso é fundamental para garantir um sono tranquilo.Antes de assumir compromissos, avalie muito bem o que é que pretende comprar, e confira se tem dinheiro para pagar as contas. Ou isso, ou engrosse ainda mais as estatísticas dos endividados.
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